sábado, 4 de agosto de 2012

Porquês



Por vezes chego a casa,
Naqueles dias para esquecer,
E penso no dia
Em que deixo de sofrer.

Não sou insensível,
Nem me sinto lá perto,
Mas respiro abaixo do nível
Que para os outros é incerto.

A vida é tão pouca
E eu vivo tão apavorado.
Se soubesse que havia outra
Vivia mais descansado.

Por entre outra vez
A vida surge com lucidez.
Não é meu encanto,
Nem é meu espanto
Que existam tantos porquês.

Dias tristes



É nos dias mais tristes
Que devia estar mais feliz.
Mas não é assim
Nem nunca o irá ser.

Estou cansado da melancolia
Que me leva ao passado,
O dia mais triste é sempre recordado

Mas porque me preocupo tanto com tão pouco?
Quero estar em mim e comigo próprio.
Deixar de ser louco.
 Não pensar em nada.
Deixar que passe tudo.
Ser melhor que um mudo
E não ter a cara molhada.

sábado, 5 de junho de 2010

Mágoa lavada


Nunca disse que te amava
Não pensei precisar dizer
Agora nem a água lava
A mágoa de o saber

Todos os dias pensava
Mas nunca te disse.
Sentado, esperava,
Que o desejo partisse.

Se tivesse dito
E como não minto
Dir-te-ia mais alto
Aquilo que sinto.

Que te amo mais que a vida
Que um ser de ser
Que te amo mais ainda
Que o sol de nascer

Olhos Voltados

Um olhar cruzado,

É um toque de amargura

Uma sensação de passado

No sentimento que perdura.


Cada passo mais distante

É como que um dia perdido.

Passaste de viajante

A presente sofrido.


Deixa-me em paz!

Não me olhes no caminho.

Sabes que não sou capaz

De te dar mais carinho.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dor contida

Num pensamento vivo

Sem nunca acordar.

Esse persistente livro

De nome recordar.


Páginas cheias

De um secreto sentir

Sente coração, sente!

Não me deixes dormir.


Mas está adormecido

Esse bom sentir.

Como que um coração partido

Sem peças para o unir.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Coração

Não é fácil ser o meu.

O teu não é assim.

O meu é mais teu,

E o teu sabe que sim.


Sinto o teu amado.

Quem me dera ser eu.

O meu anda afastado,

Ocupado com o teu.


O meu é torturado

Sempre que olho para ti

Infeliz, o pobre coitado,

Teu assim que te vi.




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Tocador

A cada nota

Sinto a tocar,

A melodia que medita

No seu passar.


Toca na distância

Do meu sentir,

Que ao passar amacia,

Ao meu coração

Vem pedir

Um mundo de fantasia.


Ainda que por pedir

Sempre a deixe passar.

Com a vontade de partir,

Da última nota a vibrar.


Ricardo Almeida